ELEIÇÕES MUNICIPAIS (EXECUTIVO) EM MATO GROSSO E OS POTENCIAIS COMPETIDORES PARA 2024

Adilson Vagner de Oliveira;Aryeh Hessel Craveiro;Natacha Chabalin Ferraz;Raimundo França

As eleições municipais são momentos cruciais para a democracia, pois é quando os cidadãos têm a oportunidade de escolher seus representantes locais. No estado de Mato Grosso, as eleições municipais de 2024 prometem um cenário de disputas intensas entre os grupos políticos, especialmente nos municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Sinop, Rondonópolis e Tangará da Serra.

No contexto das disputas ideológicas, é possível dizer que o bolsonarismo tenderá a ser o principal condutor do certame nas cidades do estado de Mato Grosso, pois os principais grupos políticos e econômicos têm mantido atiçadas as pautas no âmbito do bolsonarismo, de modo que este não arrefeceu no Mato Grosso, mesmo após as eleições presidenciais. Além disso, grupos e partidos que orbitam o campo progressista no estado, não detêm lideranças com grande densidade eleitoral que possam, de fato, ser competitivas no processo eleitoral que se aproxima, com exceção de Cuiabá.

Cuiabá, a capital do estado, certamente será palco de uma disputa acirrada. Com uma população diversa e uma economia em crescimento, a cidade atrai candidatos de diferentes ideologias e propostas. A questão do desenvolvimento sustentável, segurança pública, planejamento urbano, geração de emprego e renda devem ser temas centrais nas campanhas eleitorais.

Em Cuiabá, por exemplo, as quatro candidaturas que se mostram competitivas até o momento: Fábio Garcia (União Brasil) e Eduardo Botelho (UNIÃO), Abílio Brunini (PL) podem ser enquadradas em campos ideológicos próximos, embora com alguma gradação, pois a Abílio Brunini (Deputado federal) é um defensor radical do bolsonarismo. Fábio Garcia (Deputado federal) orbita o campo conservador menos radical e tem forte ligação com governador Mauro Mendes, além de ser um expoente de família política tradicional mato-grossense, pois é neto do ex-governador Garcia-Neto. Eduardo Botelho é deputado estadual e Presidente da Assembleia Legislativa, embora sendo do mesmo partido do governador, o União Brasil, parece não ter o apoio do governador Mauro Mendes para disputa do Palácio Alencastro em 2023. Botelho (UB) é uma candidatura que se aproxima mais ao Centro do campo político. O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) e Rosa Neide (PT) esboçam ser a candidatura à Esquerda no pleito que se aproxima, pois são os únicos, no campo dos partidos de esquerda, que manifestaram interesse em concorrer ao pleito e, também, já tendo participado de outras disputas eleitorais. No caso de Lúdio Cabral, inclusive, a Prefeito de Cuiabá e, também, candidato a Governador.
Várzea Grande, 2º colégio eleitoral do estado, conurbada à Cuiabá, com uma população expressiva e uma economia em expansão, o município enfrenta desafios como a mobilidade urbana e a oferta de serviços públicos de qualidade.

Em Várzea Grande, as eleições têm sido dominadas pela forte influência da família Campos, cujo senador Jaime Campos (UB) e deputado estadual Júlio Campos (UB) são os principais expoentes. Basicamente, os Campos têm dirigido, como protagonistas, as eleições municipais há praticamente 60 anos, sendo a família mais longeva na política mato-grossense.

Em termos ideológicos, os Campos encontram-se na ala conservadora da política mato-grossense. Neste contexto, em Várzea Grande, tudo indica que o atual prefeito Kalil Baracat (MDB), aliado dos Campos não terá grande sobressaltos para sua reeleição.

Sinop, conhecida como a “capital do nortão”, tem se destacado como um importante polo de serviços e, também, agrícola. Com uma economia baseada na agricultura, serviço e pecuária, a cidade enfrenta desafios relacionados à saúde e à sustentabilidade ambiental.

Em Sinop, 4 º colégio eleitoral, a disputa pela prefeitura tende a ocorrer entre Juarez Costa (MDB) – Deputado federal e ex-prefeito e Roberto Dorner (Republicano), sendo que os dois candidatos têm afinidades com agenda bolsonarista, ainda que, no caso de Juarez Costa, este mantenha-se mais aberto a um diálogo com o Centro e, mesmo à Esquerda, posto que já teve como vice-prefeito, Aumeri Bampi (PT).

Rondonópolis, um dos maiores municípios do estado, também terá uma eleição municipal importante em 2024. Com uma economia diversificada, que inclui indústrias, comércio e agronegócio, a cidade enfrenta desafios relacionados à segurança pública e à oferta de serviços de saúde.

Em Rondonópolis, 3º colégio eleitoral, considerada a capital agroindustrial do estado, a eleição para prefeito deve se ocorrer entre Paulo José (PSB), Aylon Arruda PSD, candidaturas mais ao Centro do espectro político e os candidatos conservadores: Thiago Silva (MDB), Adilson Sachetti (Republicanos), Cláudio Ferreira (PTB).

Tangará da Serra, por sua vez, é um município que tem se destacado pelo seu desenvolvimento econômico e social. Com uma economia diversificada, que inclui agricultura, comércio e serviços, a cidade enfrenta desafios como a mobilidade urbana e recursos hídricos.

Em Tangará da Serra, as eleições devem ser bastante acirradas, pois diversos grupos têm candidaturas competitivas como demonstram as pesquisas. Wander Masson (União Brasil e atual prefeito), Fábio Junqueira (MDB e ex-prefeito), Reck Júnior (PSD, suplente de deputado estadual) devem ser os protagonistas das eleições do próximo ano, novamente dominadas por candidaturas ligados ao campo conservador e ao bolsonarismo.

Em resumo, as eleições de 2024, em Mato Grosso, tendem a ser marcadas pelo debate em torno de pautas conservadoras e com forte vínculo ao bolsonarismo. Por outro lado, é preciso ficar atento ao movimento a ser feito entre os principais competidores pelo Palácio Paiaguás, em 2026, pois estes movimentos ainda são tímidos por parte de Carlos Fávaro (PSD, Ministro e senador), Janaína Riva (MDB, deputada estadual), Wellington Fagundes (PL, senador), potenciais candidatos ao governo do estado em 2026.