Adilson Vagner de Oliveira, Aryeh Hessel Craveiro, Maria Cristina M. de F. Bacovis, Raimundo N. C. de Franca
As eleições majoritárias, em 2022, no Estado de Mato Grosso conduziram o governador Mauro Mendes à reeleição com 68% (sessenta e oito por cento) dos votos válidos no Estado, reelegeram o senador Wellington Fagundes com 62% (sessenta e dois por cento) dos votos, e, somaram 59% (cinquenta e nove por cento) dos votos válidos no 1º turno para o Presidente Jair Bolsonaro.
Como reflexo decorrente do resultado das eleições majoritárias de 2022, no Mato Grosso, denota-se um quadro ideológico à direita, também, nas eleições proporcionais para Assembleia Legislativa do Mato Grosso. Na composição da ALMT para 20ª legislatura, a maioria dos deputados estaduais eleitos alinham-se à direita do espectro político, 10 (dez) deputados, (UNIÃO BRASIL, PL, PTB e REPUBLICANOS); ao centro, alinham-se 8 (oito) deputados, (MDB, PSD, PP e FEDERAÇÃO CIDADANIA/PSDB); e, à esquerda, alinham-se 6 (seis) deputados (PSB e FEDERAÇÃO PV, PCdoB e PT).
A Tabela 1 mostra a porcentagem de votos e o número de cadeiras ocupadas pelos diferentes partidos na eleição proporcional para ALMT em 2022:
Tabela 1 -representação partidária eleições 2022 – ALMT
PARTIDOS |
PORCENTAGEM DE VOTOS |
NÚMERO DE DEPUTADOS ELEITOS |
UNIÃO BRASIL |
14,77 |
4 |
PSB |
14,03 |
4 |
MDB |
12,47 |
4 |
PL |
8,97 |
2 |
REPUBLICANOS |
8,42 |
2 |
PT |
8,30 |
2 |
PSD |
8,24 |
2 |
PSDB |
5,87 |
1 |
PP |
5,50 |
1 |
PTB |
3,59 |
1 |
CIDADANIA |
2,31 |
1 |
Fonte: elaboração LEGAL – MT com base nos dados divulgados pelo Tribunal Eleitoral
Esses 11 (onze) partidos obtiveram cerca de 92,5% (noventa e dois vírgula cinco por cento) dos votos válidos nas eleições deste ano, o que permitiu a concentração de votos nas legendas mais tradicionais de Mato Grosso. Assim, o União Brasil, o MDB e o PSB formarão as 3 (três) maiores bancadas na 20ª legislatura da ALMT.
Em relação à fragmentação partidária, isto é, sobre o número efetivo de partidos (NEP) significantes na disputa eleitoral, observou-se que na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, o número de partidos, competindo pelas cadeiras parlamentares, vinha aumentando significativamente a cada eleição. Em 2022, a competição para a Assembleia Legislativa de Mato Grosso contou com 20 (vinte) partidos, entre legendas únicas e federações, disputando 1.746.681 (um milhão, setecentos e quarenta e seis mil, seiscentos e oitenta e um) votos válidos para deputado (a) estadual.
Os resultados mostraram uma renovação de 25 % (vinte e cinco por cento) na ALMT, com a reeleição de 18 deputados, o que permitiu a redução da fragmentação partidária para o índice de 10,62 (dez vírgula sessenta e dois), sendo menor do que os 16,79 (dezesseis vírgula setenta e nove) das eleições de 2018.
Compreende-se que a ALMT, na próxima legislatura, continuará com a feição política conservadora, visto que 75% (setenta e cinco por cento) dos deputados eleitos estão no campo ideológico centro-direita.
Há que se lembrar que houve uma taxa de renovação na ALMT de 25% (vinte e cinco por cento), ou seja, 6 (seis) deputados estaduais eleitos não pertenciam ao estafe legislativo da 19ª legislatura em Mato Grosso. Desses “novos” deputados, com relação ao espectro político ideológico, 3 (três) alinham-se à direita, 2 (dois) à esquerda e um ao centro.
Dentre os eleitos que não faziam parte da 19ª legislatura da ALMT deve-se destacar o nome de Júlio Campos, membro da tradicional Família Campos, proeminente na política mato-grossense. Júlio Campos, filho de “Seo Fiote” e irmão do senador Jayme Campos. Júlio Campos iniciou sua carreira na política durante os tempos estudantis, quando ocupou o cargo de vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes de Agronomia do Brasil entre 1967 e 1968; foi prefeito de Várzea Grande (1972); deputado federal (1978) e governador (1982); ao final de seu mandato como governador, sua imagem estava desgastada face à situação financeira do estado, com ameaça da oposição representada pelo PMDB pedir intervenção federal no estado, fato que resultou arquivado. Apesar dessa fragilidade política, Júlio Campos exerceu mais 2 (dois) mandatos de deputado federal (1986 e 2010) e um mandato de senador (1990), além de ter sido conselheiro do TCE (2002). Agora, Júlio Campos retorna à cena política do Mato Grosso, eleito deputado estadual pelo partido UNIÃO BRASIL.
Como destaque dentre os parlamentares reeleitos, um dos fatos que deverão reverberar nos próximos anos é a projeção de Janaína Riva (MDB) no cenário estadual; registra-se que a deputada, novamente, foi a parlamentar mais votada, com 82.124 (oitenta e dois mil, cento e vinte e quatro) votos, aproximadamente 30.000 (trinta mil) votos a mais do que já havia conquistado nas eleições de 2018.
Janaina Riva, filha de José Riva, vem, ao longo de sua vida pública, consolidando o nome da Família Riva no cenário político mato-grossense. Mais uma vez, é a única mulher a compor o legislativo no âmbito estadual.
Em recentes entrevistas, Janaina Riva não escondeu o desejo de no próximo pleito candidatar-se à governadora do Estado. Contudo, essa possibilidade depende de outras articulações e, também, da direção do movimento traçada pelo governador Mauro Mendes.
Em síntese, a nova composição da ALMT obedeceu a uma lógica estadual, na medida em que elegeu a maior parte de representantes dos partidos de mesmo espectro político/ideológico do governador Mauro Mendes, bem como do Presidente Bolsonaro.