A ALAP e as eleições de 2022

Ivan Silva, Paulo Gustavo Correa, Marcus Cardoso, Giovanna Lourinho

No estado do Amapá, o primeiro turno das eleições de 2022 produziu uma elevada taxa de renovação (54,2%): menos da metade dos deputados e deputadas da legislatura eleita em 2018 foi reeleita, e alguns nomes importantes do legislativo estadual amapaense – como Max da AABB (MDB) e Luciana Gurgel (PL) – ficaram de fora da nova composição da ALAP.

Quanto à distribuição ideológica das bancadas, um elemento merece destaque: embora a direita siga representando o campo ideológico majoritário no legislativo amapaense – confirmando, assim, o quadro constituído no estado a partir de 2014 –, houve um freio à trajetória de crescimento dos quadros da direita amapaense verificada na ALAP desde, pelo menos, 2002: em 2018, quando essa trajetória atingiu seu ponto alto (na esteira do apelo eleitoral bolsonarista), a direita elegeu 58% das cadeiras, o centro 14,8%, e a esquerda 27,2%; agora, a direita elegeu 50% das cadeiras, o centro 25% e a esquerda 25%.

Manteve-se, também, o cenário de elevada fragmentação partidária – ainda que com um recuo em relação ao forte avanço verificado na eleição anterior: em um universo de 24 cadeiras, 15 partidos possuirão, na próxima legislatura, representação na ALAP – PDT (3), União Brasil (3), Solidariedade (2), MDB (2), PL (2), Rede (2), PSD (2), PV (1), Republicanos (1), Progressistas (1), PT (1), Cidadania (1), PROS (1), Podemos (1) e PTB (1). Outra característica do cenário partidário e eleitoral no estado que foi mantida neste ano foi o baixo teto das bancadas partidárias: desde 2002, pelo menos, nenhum partido conseguiu eleger mais do que 4 parlamentares para a ALAP. PDT e União Brasil possuirão as duas maiores bancadas, o que reforça a manutenção de um considerável capital político por parte das principais figuras de cada partido: o governador Waldez Góes (PDT) e o Senador Davi Alcolumbre (UNIÃO), que acaba de ser reeleito.

Duas das quatro principais famílias políticas com raízes no legislativo estadual (a família Capiberibe, a família Borges, a família Gurgel e a família Góes) elegeram seus representantes para a nova legislatura: Antônio Roberto Rodrigues Góes da Silva (UNIÃO) – que, além de ser vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, é primo do governador Waldez Góes, e já foi prefeito de Macapá e deputado federal – e Hildegard de Azevedo Gurgel (UNIÃO) – que é irmão do deputado federal Vinícius Gurgel (PL), marido da ex-deputada federal Aline Gurgel (REPUBLICANOS) e cunhado da ex-deputada estadual Luciana Gurgel (PL).

Quando considerada a disposição base-oposição, o governador Clécio Luís (SOLIDARIEDADE) – eleito no primeiro turno com 53,69% dos votos – contará com uma ampla base de apoio: sua coligação elegeu a maioria das cadeiras em disputa (13), e, ademais, foram eleitos ainda quatro parlamentares de partidos que apoiaram a sua candidatura de maneira informal (dada a discordância em relação ao candidato da chapa ao Senado): Rede (2), PV (1) e PT (1). A oposição contará, de início, com apenas quatro representantes e três constam, por ora, como independentes.