Rodrigo Dolandeli, Carlos Augusto Souza, Mariana Costa da Silva, Bruno de Castro Rubiatti e Raimunda Eliene Sousa Silva
De acordo com dados do IBGE (2019), o estado do Pará possui uma superfície de 1.245.870 km², se constituindo como o segundo maior estado do país em dimensão territorial. O Estado possui 144 municípios e uma população estimada em 8.777.124 habitantes, a maioria residente em áreas urbanas, sendo que a capital, Belém, concentra a maior população com cerca de 1,5 milhão de habitantes.
O Estado contribui para a composição do poder legislativo federal com 17 deputados federais e 3 senadores. A Assembleia Legislativa do Estrado do Pará – ALEPA funciona com a eleição de 41 deputados eleitos pelas mais diversas legendas que compõem o subsistema partidário estadual.
Para entender as disputas políticas que ocorrem no âmbito do estado, procurou-se estabelecer uma análise da competição partidária para os diversos cargos (Presidente, Governador, Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual) nas cinco últimas eleições, com base na votação agregada dos partidos, para, posteriormente, posicionar as legendas a partir de um recorte ideológico.
Destaca-se que a classificação ideológica aqui adotava teve como base a escala constante na obra “Coligações Partidárias na Nova Democracia Brasileira” de Silvana Krause, Humberto Dantas e Luís Felipe Miguel” que classificam os partidos em: esquerda, centro e direita[1].
A ideologia partidária nas Eleições para Presidente
Nas eleições presidenciais, os dados do TSE indicam que, no primeiro turno, ao longo do período analisado, os eleitores paraenses manifestaram clara preferência por candidatos vinculados ao campo ideológico da esquerda, que ganharam as eleições no estado em todas as eleições analisadas. O momento de maior aceitação dos partidos de esquerda, entretanto, foi na eleição de 2002 e o momento de menor aceitação eleitoral foi em 2018, com o crescimento da votação das legendas vinculadas ao campo ideológico da Direita.
Por outro lado, ao longo das cinco últimas eleições, os partidos de centro se mantiveram como a segunda força política mais relevante do estado entre 2002 e 2014, perdendo essa posição para os partidos de direita em 2018.
É válido destacar que entre 2010 e 2014, a perda eleitoral dos partidos de centro, produziram uma transferência de votos, mesmo que tímida, para os partidos de esquerda que apresentaram ligeiro crescimento em seu desempenho agregado nesse período. Essa situação, entretanto, apresentou uma modificação significativa em 2018, onde tanto os partidos de esquerda quanto os de centro, perderam votos para o campo ideológico da Direita, que se tornou a segunda força política do estado do Pará nessa eleição.
Gráfico 1 – Votação do 1º Turno no Estado do Pará para a Presidência da República.
(Fonte: Dados do TSE)
A ideologia partidária nas Eleições para Governador
Nas eleições para o cargo de governador, tendo em vista o resultado do primeiro turno, com exceção de 2002, os partidos vinculados ao Centro sempre apresentaram melhor desempenho em relação aos partidos de esquerda e direita. O momento de maior aceitação dos partidos de centro por parte do eleitorado paraense, entretanto, foi em 2014 onde tiveram uma hegemonia bastante acentuada em relação as outras forças políticas nessa eleição. Em 2018, entretanto, apesar do centro ainda se manter em primeiro lugar na preferência do eleitorado, esse campo ideológico apresentou elevada queda em sua votação agregada, perdendo espaço tanto para os partidos de direita quanto de esquerda que absorveram parte da perda dos votos que os partidos de centro detinham na eleição de 2014.
O campo ideológico da esquerda que em 2002 se apresentava como a força política mais relevante do estado, passou a ter seguidas perdas do eleitorado nas eleições subsequentes, se tornando a segunda força política entre 2006 e 2010, até cair para a terceira posição em 2018, mesmo em um cenário em que este campo ideológico teve certo crescimento em sua votação agregada em relação a eleição 2014.
Já o campo ideológico da direita, que entre 2002 e 2010 se apresentava como uma força política com menor expressão social na política paraense, passou a se aproximar da esquerda em 2014, ultrapassando, esta força política em 2018, o que lhe conferiu nessa eleição a condição da segunda força política mais relevante do estado para o cargo de governador.
Gráfico 2 – Votação do 1º Turno no Estado do Pará para a o Governo Estadual
(Fonte: Dados do TSE)
A ideologia partidária nas Eleições Para o Senado Federal
O cenário para o senado se apresenta com um pouco mais de complexidade, pois na eleição de 2002, 2010 e 2002 havia duas vagas em disputa para este cargo, em contraposição a eleição de 2006 e 2014 onde apenas uma vaga foi disputada pelos partidos políticos.
De qualquer forma, considerando-se a votação agregada, seja para uma ou duas vagas, percebe-se que há elevada competição eleitoral entre as forças políticas que compõem a representação política paraense.
Os partidos vinculados ao campo ideológico de centro tiveram maior votação agregada em duas eleições (2006 e 2010), ocupando a segunda posição em 2018.
Os partidos de esquerda se saíram melhor em 2014 e 2018 e ocuparam a segunda posição em sua votação agregada na eleição de 2002, 2006 e 2010.
No caso dos partidos de direita estes ocuparam a primeira posição em sua votação agregada em 2002, d-ficaram com a segunda melhor votação em 2014, mas em três eleições (2006, 2010 e 2018) ocuparam a terceira posição nas eleições senatoriais.
Gráfico 3 – Votos Válidos para o Senado Federal
(Fonte: Dados do TSE)
A ideologia partidária nas Eleições para Deputado Federal
No caso das disputas para preenchimento das 17 vagas a que o estado do Pará tem direito para a composição das bancadas à Câmara dos Deputados, os dados eleitorais indicaram que nas eleições de 2002 e 2006 os partidos de centro tiveram a maior preferência do eleitorado paraense.
A partir de 2010, entretanto, esse campo ideológico passou a apresentar quedas acentuadas em seu desempenho agregado, sendo que em 2010, apesar de continuarem ocupando a primeira posição, ficaram praticamente empatados com os partidos de esquerda. A partir de 2014 o campo ideológico de centro começou a reduzir o seu peso no eleitorado até ser superado pela direita e pela esquerda em 2018, ocupando a terceira posição no estado.
No caso dos partidos de esquerda, estes apresentaram grandes oscilações ao longo do período. Em 2002 e 2006 ficaram praticamente empatados com os partidos de direita, mas tiveram relativo crescimento em 2010, o que levou esse campo a praticamente empatar com o centro, mas apresentaram novamente uma situação de queda em 2014 e 2018.
Já entre os partidos de direita na eleição de 2002 e 2010 , estes tiveram um desempenho muito próximo aos partidos de esquerda. Em 2010 ocuparam a última posição na votação agregada, mas passaram a assumir uma posição de destaque na eleição de 2014 e 2018, onde passaram a ocupara o primeiro lugar na preferência do eleitorado paraense.
Gráfico 4 – Classificação ideológica dos deputados federais paraenses de 2002 a 2018
(Fonte: Dados do TSE)
A ideologia partidária nas Eleições para Deputado Estadual
Para a composição das 41 cadeiras que constituem a Assembleia Legislativa do Estado do Pará, os dados indicam a ocorrência de grandes oscilações entre o desempenho eleitoral das ideologias partidárias ao longo do tempo.
Na eleição de 2002, os partidos de direita foram os mais votados no estado, mas com relativa proximidade dos partidos de centro, o que indica um empate técnico entre esses dois campos ideológicos. Aliás é válido destacar que na eleição de 2002, 2006 e 2010, a votação do campo ideológico de direita e centro sempre estiveram muito próximas do ponto de vista quantitativo. A partir de 2014, entretanto, os partidos de direita passaram a apresentar um desempenho bastante superior ao centro o que lhes conferiu a maior fatia do eleitorado paraense para os cargos de deputado estadual nas duas últimas eleições consideradas.
Quanto aos partidos de esquerda, estes ocupavam o último lugar na preferência do eleitorado em 2002, empataram com o centro e a direita em 2006, passaram a ocupar a primeira posição no leitorado em 2010, mas apresentaram novo declínio em 2014 e 2018, muito próximo a votação dos partidos de centro.
Já os dados relativos ao centro, indicam que a votação deste campo ideológico nas três primeiras eleições se igualava ao eleitorado da direita, exceção a eleição de 2006 onde as três forças ideológicas praticamente dividiram o eleitoral de forma proporcional). Já nas duas últimas eleições (2014 e 2018) o centro passa a ter votação muito próxima a votação agregada da esquerda, perdendo parte do eleitorado para a direita.
Gráfico 5 – Classificação ideológica dos deputados estaduais paraenses de 2002 a 2018.
(Fonte: Dados do TSE)
Para a disputa de 2022, considerando a força política do atual governador Hélder Barbalho, é provável que o centro obtenha melhor desempenho eleitoral nas disputas proporcionais, uma vez que o MDB se movimenta para fortalecer a sua lista de candidatos com nomes experientes e já conhecidos do eleitorado.
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KRAUSE, Silvana; DANTAS, Humberto; MIGUEL, Luis Felipe (Org.). Coligações partidárias na nova democracia brasileira: perfis e tendências. Rio de Janeiro; São Paulo: UNESP, 2010. Fundação Konrad Adenauer Stifung. ↑