Arleth Santos Borges, Andressa Brito Vieira, Antonio Marcos Pereira,Marcelo Fontenelle e Silva, Soraia França Weba
367 candidatos disputaram as 18 vagas à Câmara Federal pelo Maranhão na eleição de 2022, 154 a mais que na eleição de 2018. Todos os atuais deputados federais se candidataram à reeleição, sendo 12 reeleitos e 06 derrotados o que significa uma renovação na ordem de 33%. Com esse resultado, 06 novos integrantes chegam à Câmara Federal, entre eles, três mulheres que passam a integrar a bancada federal maranhense: Roseana Sarney (MDB), Detinha (PL) e Amanda Gentil (PP). O coeficiente eleitoral foi 205.917, não sendo alcançado individualmente por qualquer candidato/a. Três Federações partidárias se apresentaram à disputa, mas apenas uma, constituída pelo PT, PCdoB e PV, elegeu representantes.
Reeleitos (12) |
Novos (06) |
Não reeleitos (06) |
Aluizio Mendes (PSC) |
Amanda Gentil (PP) |
Bira do Pindaré (PSB) |
André Fufuca (PROGRESSISTA) |
Detinha (PL) |
Edilázio (PSD) |
Cleber Verde (REPUBLICANOS) |
Duarte (PSB) |
Gil Cutrim (REPUBLICANOS) |
Josimar de Maranhãozinho (PL) |
Fábio Macedo (PODE) |
Hildo Rocha (MDB) |
Júnior Lourenço (PL) |
Marcio Honaiser (PDT) |
João Marcelo (MDB) |
Júnior Marreca Filho (PATRIOTA) |
Roseana Sarney (MDB) |
Zé Carlos (FE BRASIL (PT/PC DO B/PV) |
Juscelino Filho (UNIÃO) |
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Marcio Jerry (FE BRASIL (PT/PC DO B/PV) |
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Pastor Gil (PL) |
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Pedro Lucas (UNIÃO) |
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Rubens Júnior (FE BRASIL (PT/PC DO B/PV) |
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Josivaldo JP (PSD) |
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Fonte: Organizada pelo LEGAL MA com dados do TSE
Já em relação ao Senado, cinco candidatos disputaram a vaga disponível: Flávio Dino (PSB), Roberto Rocha (PTB), Pastor Ivo Nogueira (DC), Antônia Cariongo (PSOL) e Saulo Arcangeli (PSTU). O candidato vitorioso foi Flávio Dino, vencedor após dois mandatos como governador do Estado. O segundo colocado foi Roberto Rocha, que disputava a reeleição. Rocha foi vice-prefeito da capital em 2012 e eleito senador em 2014.
Os dois candidatos mais bem votados para o Senado reproduziram, em âmbito estadual, a polarização nacional: com Dino, à esquerda, tendo se destacado como crítico ao governo Bolsonaro e um claro apoiador do PT, e Rocha, à direita, na defesa do projeto bolsonarista. Atualmente, o Maranhão conta com mais dois senadores, eleitos em 2018: Eliziane Gama (PPS/Cidadania) Weverton Rocha (PDT) e candidato derrotado na disputa para o governo estadual. Em 2018, ambos compunham a ampla e heterogênea coligação “Todos pelo Maranhão”, que também elegera Flávio Dino (então no PC do B) para o executivo estadual.
Em 2022, doze partidos conquistaram assento na bancada federal maranhense. O NEP parlamentar ficou em 9,05, indicando que na Câmara Federal, assim como verificado na Assembleia Legislativa, há uma tendência de diminuição da fragmentação. A Coligação que venceu a disputa para o executivo estadual (PSB, MDB, PP, Patriota, Podemos, PT, PCdoB, PV, PSDB e Cidadania) elegeu 8 deputados federais, o que corresponde a 44% das vagas (bem abaixo da proporção eleita para a ALEMA, em que a coligação conquistou 64% das cadeiras). As 10 vagas restantes ficaram com o PL (4), DEM/União (2), PDT, PSC, PSD e Republicanos com uma vaga, cada.
Em relação à ideologia, a direita conquistou 13 cadeiras (72,2%), a esquerda 4 (22%), e o centro 1 (5,5%). Em relação a 2018, podemos ver um claro aumento da direita, tributário do encolhimento da esquerda e do centro. O aumento da direita também aconteceu na ALEMA (33%), mas, no âmbito federal o crescimento foi mais significativo (44%).
Quadro – Distribuição ideológica das cadeiras da Câmara Federal
Ideologia |
2018 |
2022 |
Esquerda |
7 |
4 |
Centro |
2 |
1 |
Direita |
9 |
13 |
Total |
18 |
18 |
Fonte: LEGAL – MA
Assim, no que concerne às relações Executivo/Legislativo no plano federal, a bancada maranhense na Câmara dos Deputados, em sua maioria, tem perfil à direita e a força dos partidos de esquerda se tornou menor. E neste ponto se constata um deslocamento entre os planos estadual e federal, bem ilustrado pela conduta de dois importantes agentes da política local: o senador Weverton Rocha, que disputou o governo estadual aliado ao partido de Bolsonaro, mas no Senado haverá de atuar mais alinhado à esquerda, por força do seu partido, o PDT; já o deputado André Fufuca (PP), que se reelegeu no campo de Flávio Dino, mal terminou o primeiro turno, já iniciou a campanha para Bolsonaro. No Senado, a correlação ideológica na bancada maranhenses é majoritariamente de esquerda.
À guisa de conclusão, seis destaques importantes: 1) em relação às trajetórias dos eleitos para a Câmara e Senado, todos já exerceram mandatos eletivos anteriores ou cargos administrativos e 10 são vinculados a famílias com forte inserção na política local; 2) a eleição dos cônjuges Detinha e Josimar de Maranhãozinho, que antes se dividiam entre o legislativo federal e estadual e nesta eleição lograram êxito em elegerem-se, os dois, para a Câmara federal; 3) o partido do casal, o PL, foi o que mais conquistou cadeiras nessa disputa; 4) já o partido do senador Flávio Dino e governador eleito, Carlos Brandão, teve fraco desempenho, elegendo apenas um deputado federal; 5) foi pífio o desempenho da família Sarney, outrora toda poderosa na política local – Roseana Sarney foi eleita deputada federal, mas em constrangedora posição para quem já foi governadora por três mandatos e meio ( foi a 7ª colocada), enquanto seus demais parentes (sobrinho e cunhado) e aliados mais próximos, como o filho do ex-ministro Edson Lobão e o genro da desembargadora Nelma Sarney não obtiveram êxito; e 6) o desempenho de Flávio Dino, vitorioso na eleição para o executivo estadual e alvo de consagradora votação em sua candidatura ao Senado, o reafirma como principal liderança estadual, ainda que pressionado pelo aumento da direita e pela vulnerabilidade de suas bases de apoio.