Representação Tocantinense pós-eleições na Câmara e no Senado em 2022.

Talita Melz, Liana Vidigal Rocha, Albertina Vieira de Melo Gomes Oliveira, Cynthia Mara Miranda.

Nas eleições proporcionais de 2022, no Tocantins, dos oitos deputados federais que disputaram vaga na Câmara, três foram reeleitos e cinco são novatos. Esse cenário mostra que o índice de renovação da casa ficou em 62,5% e a taxa de permanência em 37,5%. Os deputados reeleitos foram: Vicentinho Júnior (PP), Carlos Gaguim (União) e Eli Borges (PL). Além disso, Lázaro Botelho (PP), que era suplente em 2018 quando assumiu a vaga da professora Dorinha (União Brasil), agora foi eleito.

Cinco cadeiras serão ocupadas por deputados novatos, são eles: Toinho Andrade (Republicanos), o mais votado, Alexandre Guimarães (Republicanos), Ricardo Ayres (Republicanos) e Filipe Martins (PL). Os candidatos Toinho Andrade e Ricardo Ayres foram eleitos em 2018 para compor a mesa dos deputados estaduais, o primeiro, inclusive, esteve à frente da Assembleia Legislativa (Aleto) nos últimos dois anos. O Tocantins historicamente reelege seus representantes, e assim como evidenciado na Aleto, a Câmara apresenta parlamentares que estão na casa há vários pleitos, como é o caso de Lázaro Botelho, que é reeleito desde 2006, não o sendo apenas em 2018, ano em que foi suplente, mas voltando a ocupar uma cadeira na casa em 2022.

Em relação ao Senado, para a eleição deste ano, somente uma vaga, das três pertencentes ao estado, tinha renovação. Nesse caso, o eleitor tocantinense escolheu a Professora Dorinha (União Brasil) para ocupar o cargo. No total, a candidata obteve 395.408 votos, o que corresponde a 50,42% dos votos válidos.

Distribuição das forças partidárias na Câmara e no Senado

O cenário tocantinense aponta uma migração na distribuição das forças partidárias que acompanham a arena nacional. Desde o ano de 2006, quando a composição da Câmara contava com um equilíbrio de forças partidárias, sendo 50% das cadeiras de partidos de centro e os outros 50% de partidos de direita, a composição da Câmara passou a apresentar um desequilíbrio nessa composição.

Em 2018 50% das cadeiras eram ocupadas por partidos de direita, 20% por partidos de centro e 10% por partidos de esquerda. Acompanhando um movimento nacional que apontou uma votação para a direita, a Câmara em 2022 está sendo representada 100% por partidos de direita. Desde o ano de 2006, é a primeira vez que essa composição se apresenta, expondo o padrão de votação do Tocantinense em partidos de direita, reforçado pela movimentação nacional de uma votação mais conservadora.

No Senado também houve uma movimentação para a direita, nas forças partidárias que ocupam as cadeiras da casa. Nas legislaturas anteriores a maioria da casa era ocupada por partidos de centro e de direita, havendo a presença de partidos de esquerda quando suplentes assumiram o mandato. No entanto, na atual composição Tocantinense no Senado é essencialmente de espectro de direita, o que representa a escolha do eleitor tocantinense tanto para o cargo de governador, deputado estadual, federal e senador, uma vez que grande parte do eleitorado tocantinense é conservador, especialmente nas maiores cidades do estado.

É relevante observar a desidratação da bancada feminina do Tocantins na Câmara, uma vez que desde o ano de 2006 é a primeira vez que uma mulher não tem representação na casa, independente do espectro ideológico. No Senado, a representação feminina ficará um pouco maior, durante o período em que a Senadora Kátia Abreu (PDT) estiver na casa junto com a recém eleita Senadora Professora Dorinha (União Brasil)

Quadro 1 -Representação do espectro ideológico dos deputados federais do TO na Câmara

Ano

Cadeiras

Ideologia

2006

4

Centro

2006

4

Direita

2010

2

Centro

2010

3

Esquerda

2010

3

Direita

2014

3

Centro

2014

1

Esquerda

2014

4

Direita

2018

3

Centro

2018

1

Esquerda

2018

3

Direita

2022

8

Direita

Fonte: Equipe LEGAL-TO

Familismo na política tocantinense

Das tradicionais famílias políticas do Tocantins, perderam seus assentos na Câmara a família Abreu (Irajá Abreu) e a família Miranda (Dulce Miranda), permanece com cadeira na Câmara apenas Vicente Alves de Oliveira, conhecido como Vicentinho Júnior. Vicentinho é empresário, esteve por dois mandatos consecutivos como deputado federal e seguiu para o terceiro. Nas eleições de 2014, o deputado eleito foi candidato a um cargo eletivo pela primeira e ficou em quarto lugar como o mais votado no pleito à Câmara Federal.

Vicentinho Júnior é filho do ex-senador Vicentinho Alves, que é pecuarista, empresário e piloto comercial. Vicentinho Alves é natural de Porto Nacional, onde foi prefeito entre 1989 e 1992. Ficou alguns anos fora da política e, em 1999, se elegeu deputado estadual por três mandatos, ficando até 2011. Nesse mesmo ano, ficou como suplente de senador e assumiu a vaga de Marcelo Miranda, barrado pela Lei da Ficha Limpa. Alves ficou no Senado até 2018 e não foi reeleito.

A família tem seu reduto eleitoral no município de Porto Nacional, distante 60Km da capital Palmas e uma das cidades mais antigas do Tocantins. Vicentinho Alves chegou a ser cogitado para ser o vice-governador na chapa de Wanderlei Barbosa (Republicanos), reeleito em 2022, mas acabou sendo substituído por Laurez Moreira (PDT) como vice, e a Professora Dorinha (União Brasil) para o Senado.

O que esperar da relação Câmara – Senado e Executivo Tocantinense?

O pleito de 2022 no Tocantins aponta um cenário favorável para o atual governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos). Barbosa foi eleito no primeiro turno com votação expressiva. A coligação governista estadual também vai contar ainda com o apoio do deputado federal Carlos Gaguim e da senadora Professora Dorinha, ambos do União Brasil, uma vez que o partido fez parte da coligação União pelo Tocantins, composta pelos seguintes partidos: PSDB; Cidadania; União Brasil; PDT; Solidariedade; PTB; Republicanos e PSC. Barbosa tem grandes possibilidades de fazer uma boa gestão, uma vez que elegeu 6 das 8 cadeiras da Câmara e mais de 50% dos deputados eleitos na ALETO foram apoiados por Barbosa.