Arleth Santos Borges, Andressa Brito Vieira, Antonio Marcos Pereira, Marcelo Fontenelle e Silva , Soraia França Weba
Nove candidatos disputaram o cargo de governador no Maranhão: Carlos Brandão (PSB), Edvaldo Holanda (PSD), Enilton Ribeiro (PSOL), Frankle Costa (PCB), Hertz Dias (PSTU), Joás Moraes (DC), Lahesio Bonfim (PSC), Simplício Araújo (SD) e Weverton Rocha (PDT). A disputa foi intensa e marcada por indefinições e surpresas: na largada, os mais competitivos foram Weverton, Brandão, Edvaldo e Lahesio, mas no seu decorrer Edvaldo, ex-deputado federal e ex-prefeito da capital (São Luís) entre 2012 e 2020 perdeu terreno e Weverton avançou tendo, inclusive momentos em que liderou a disputa, mas, na reta final, foi ultrapassado por Lahesio, e ao fim a decisão se deu logo no primeiro turno, com a eleição de Brandão.
Carlos Brandão (PSB) é o atual governador; é médico veterinário e empresário ruralista, já foi deputado federal (2010) e vice-governador de Flávio Dino (2014 – março de 2022) e antes do atual partido foi filiado ao PSDB e Republicanos; teve como vice o ex-secretário de educação, Felipe Camarão (PT) e sua coligação contou com 10 partidos (PSB, MDB, PP, PATRIOTA, PODEMOS, Federação PT/PCdoB/ PV e Federação PSDB/CIDADANIA). Lahesio Bonfim é médico e fazendeiro, prefeito em segundo mandato do município São Pedro dos Crentes; teve como vice o médico e vereador de São Luís, Dr. Gutemberg (PSC); sua coligação reuniu o PSC e PMN e ele próprio já passou pelo PTB, PSL, PDT e PT. Weverton Rocha é administrador, senador e empresário. É do PDT, já foi deputado federal (2014); seu vice foi o deputado estadual Hélio Soares (PL) e sua coligação teve 06 partidos (PDT, PL, PTB, REPUBLICANOS, PROS e AGIR).
Em relação aos palanques presidenciais, Lula, que é bastante forte no estado, teve o apoio da chapa de Brandão (PSB/PT), também apoiada por Flávio Dino, ex-governador e vencedor na disputa ao Senado. Com impacto menor, mas militância aguerrida, o PSOL também fez campanha para Lula no estado. Weverton protagonizou dilemas e arriscados malabarismos nesse ponto, pois não assumiu a candidatura de seu partido (Ciro Gomes), seu vice e aliados mais destacados eram do partido de Bolsonaro e ele próprio passou boa parte da campanha tentando dar mostras de ser amigo de Lula. Lahesio apoiou Bolsonaro, mas foi secundarizado nas hostes do presidente, embora tenha sido ele que, ao final, teve o apoio das bases do bolsonarismo.
A campanha foi marcada por discussões em torno dos feitos e não feitos nos dois mandatos de Flávio Dino/Brandão, por escassa discussão programática e sobre a realidade do estado, pelos alinhamentos e desalinhamentos com o governo federal, muitas denúncias de clientelismo e compra de votos e, na reta final, os candidatos trocaram acusações de improbidades administrativas. As campanhas desses candidatos foram milionárias e os resultados do primeiro turno favoráveis ao candidato que disputava a reeleição:
Tabela 1 Dados da disputa para o cargo de governador
Custos da Campanha (R$)[1] |
Nº de Votos[2] |
% de Votosii | |
Carlos Brandão |
7.246.828,36 |
1.769.187 |
52,29 |
Lahesio Bonfim |
1.072.560,01 |
857.744 |
24,87 |
Weverton Rocha |
12.526.529,48 |
714.352 |
20,71 |
Edvaldo |
4.709.282,56 |
86.573 |
2,51 |
Demais Candidatos |
1.000.625,34 |
20.834 |
0,63 |
Fonte: Legal-MA
A vitória de Brandão já no primeiro turno foi surpreendente, mas não de todo inesperada. Embora a sua campanha não tenha sido a mais cara, segundo as informações declaradas à Justiça Eleitoral, ele certamente fez uso de vantagens decorrentes da sua condição de incumbent, que tem sob seu comando a distribuição de recursos e serviços do âmbito do governo estadual. Lahesio teve campanha relativamente pequena, mas, por sua retórica negacionista carreou os votos da base bolsonarista, enquanto Weverton, mesmo com incontrastáveis recursos de campanha amargou uma terceira posição decorrente de sucessivas perdas de aliados de primeira hora e da posição vacilante em relação à disputa presidencial.
A campanha presidencial no Maranhão no primeiro turno teve acirrada disputa, impulsionada sobretudo pelas candidaturas estaduais. Lula esteve no Maranhão, participando de comício em região central da capital e Bolsonaro veio ao estado participar de carreata e evento religioso da Assembleia de Deus. O comparecimento eleitoral se manteve no padrão dos últimos pleitos, com abstenção mais elevada que a de 2018, alcançando 22,20% no 1° turno e 23,51% no segundo. Em 2018, ficou em 20,53% e 23,35 respectivamente. Os resultados confirmam o histórico favoritismo de Lula/PT no estado.
Tabela 2 Dados da disputa para o cargo de presidente da República
Candidato |
Nº de Votosii |
% de Votosii |
2º Turno (%)ii |
Lula |
2.603.454 |
68,84 |
71,14 |
Bolsonaro |
983.861 |
26,02 |
28,86 |
Simone Tebet |
78.254 |
2,07 | |
Ciro Gomes |
96.095 |
2,54 | |
Demais Candidatos |
15.613 |
0,54 |
Fonte: Legal-MA
Os números apontam a polarização entre Lula e Bolsonaro, com ampla vantagem para o primeiro, que em ambos os turnos foi vitorioso em 214 dos 217 municípios do estado, perdendo apenas em Imperatriz e Açailândia, redutos do bolsonarismo desde o primeiro turno, e na pequena São Pedro dos Crentes, cidade governada por Lahesio Bonfim.
Entre o primeiro e o segundo turno, a eleição presidencial foi alvo de escaramuças, a começar pelas tímidas campanha presidenciais, com muitos eleitos e não eleitos saindo da cena da disputa após o 1° turno e deixando a campanha à sorte de iniciativas espontâneas de grupos de militantes e apoiadores; mesmo na coligação de Brandão, muitos candidatos ao legislativo não fizeram campanha presidencial, alguns se elegeram na onda do lulismo, mas no segundo turno assumiram a campanha de Bolsonaro, e, por fim, se destacaram, no dia da eleição, as operações conduzidas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) denunciadas em vários estados, principalmente no Nordeste, como estratégia da candidatura governista para inviabilizar o acesso de eleitores aos locais de votação em vários municípios onde Lula demonstrou força no primeiro turno, sobretudo em zonas rurais [3].
Com efeito, houve discreto aumento da abstenção no 2º turno, que ficou em 23,51% (1.184.503) enquanto no 1º turno foi 22,20% (1.118.852), fato que também ocorreu em 2018, mas na contramão da forte campanha pelo voto no segundo turno vez que, estando as preferências eleitorais muito consolidadas, segundo as pesquisas, ambos os candidatos buscaram adesões entre aqueles que nem votaram no primeiro turno. Os resultados confirmaram o favoritismo de Lula, que mais uma vez, foi vitorioso em 214 dos 217 municípios do Maranhão.
Finalmente, registra-se que após confirmação da vitória de Lula, o Maranhão também foi palco de protestos de apoiadores do candidato derrotado que, insatisfeitos com os resultados eleitorais, promoveram interdições parciais ou totais em sete rodovias[4] e fizeram protestos em frente a Quartéis em São Luís e em Imperatriz, onde, vestidos de verde e amarelo, cantavam hinos, oravam e pleiteavam “intervenção federal já” e “SOS Forças Armadas”. Em Imperatriz, os protestos contaram com a adesão de comerciantes, que fecharam várias lojas. Mas, em atenção a decisões do TSE, forças estaduais de segurança e da PRF agiram prontamente para encerrar os bloqueios.
-
Dados acessados em 09/11/2022, em site do TSE: https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/estados/2022/2040602022/MA/candidatos ↑
-
Dados acessados em: https://resultados.tse.jus.br/oficial/app/index.html#/eleicao;e=e544/totalizacao ↑
-
Acessado em 09/11/2022 em: https://imirante.com/noticias/sao-luis/2022/10/30/prf-realiza-operacao-eleicoes-mesmo-com-proibicao-do-tse-e-apreende-motos-no-maranhao ↑
-
ivhttps://g1.globo.com/ma/maranhao/eleicoes/2022/noticia/2022/11/01/bloqueios-seguem-em-rodovias-no-maranhao-em-protesto-contra-o-resultado-das-eleicoes-veja-a-lista.ghtml ↑