Albertina Vieira de Melo Gomes Oliveira, Talita Melz, Cynthia Mara Miranda, Liana Vidigal Rocha.
No último domingo, dia 2 de outubro, aconteceram as eleições gerais e proporcionais em todo o país. Para as eleições presidenciais, o eleitor tocantinense, assim como em 2018, votou majoritariamente no candidato da esquerda, dessa forma, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, teve 50,40% dos votos no estado, segundo dados do TSE.
Na disputa para o governo do Tocantins, o eleitorado decidiu ainda no primeiro turno reeleger com 58,14% dos votos, Wanderlei Barbosa (Republicanos) como governador do estado do Tocantins. Barbosa assumiu o governo do estado quando o ex-governador Mauro Carlesse, de quem era vice, foi cassado.
Nas eleições proporcionais, o Tocantins é um estado que historicamente tem baixa alternância de cadeiras na Aleto. Em 2018 a taxa de renovação da casa legislativa ficou em 33,33%. Em relação ao último pleito eleitoral, quando aconteceram as eleições gerais e proporcionais, o tocantinense votou para escolher novos deputados estaduais para ocuparem as 24 cadeiras da Aleto. No entanto, a taxa de renovação se manteve entre entre as menores na Amazônia Legal, 37,5%.
A Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins manteve 15 parlamentares e renovou apenas 9 do total de 24 cadeiras. Para exemplificar a manutenção da baixa taxa de renovação, podemos citar a reeleição consecutiva de parlamentares como: Eduardo do Dertins que está na Aleto de 2002 até 2022 ininterruptamente, Iderval Cunha, que manteve o mandato de 2002 a 2010, Luana Ribeiro que se reelegeu por 3 pleitos consecutivos (2006 a 2018), Josi Nunes que ocupou uma cadeira na Aleto de 2002 a 2010 e Olyntho Neto que está na casa legislativa de 2014 a 2022.
Com os 15 deputados reeleitos em 2022, o percentual de manutenção de parlamentares em exercício na Casa de Leis chega a 62,5%. Além disso, apesar de não reeleitos, outros quatro deputados ocupando vaga na atual legislatura da Aleto, quatro ficaram nas primeira suplências da Casa, que são: Issan Saado (Republicanos), Luana Ribeiro (PCdoB), Amália Santana (PT) e Valderez Castelo Branco (Republicanos).
Em relação aos reeleitos, sete vagas ficaram para parlamentares do Republicanos, sendo: Léo Barbosa, Jorge Frederico, Cleiton Cardoso, Nilton Franco, Amélio Cayres, Olyntho Neto e Valdemar Júnior. São ainda parlamentares reeleitos, Jair Farias (União); Vilmar Oliveira (Solidariedade); Fabion Gomes (PL); Vanda Monteiro (União); Ivory de Lira (PC do B); Eduardo do Dertins (Cidadania); Professor Júnior Geo (PSC) e Claudia Lelis (PV).
Os novatos na Aleto são Professora Janad Valcari (PL), Luciano Oliveira (PSD), Eduardo Fortes (PSD), Eduardo Mantoan (PSDB), Marcus Marcelo (PL), Moisemar Marinho (PSB), Wiston Gomes (PSD), Gutierres Torquato (PDT) e Gipão (PL).
Distribuição das forças partidárias na Aleto
A coligação do governador eleito, Wanderlei Barbosa (Republicanos) tem representação em 14 cadeiras dentro da Aleto. Dos 12 partidos que estão representados dentro da Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins, 8 conquistaram apenas 1 cadeira. A maior representação ficou com o partido do governador, o Republicados, que elegeu 7 parlamentares, seguido do PL que elegeu 4 cadeiras, do PSD com 3 e do União Brasil com 2 representantes.
O alto índice de reeleição dos parlamentares também apontou uma mudança ideológica para a base de apoio do governador eleito, Wanderlei Barbosa. Dos 15 deputados reeleitos, 4 migraram de partidos de centro para direita (Leo Barbosa, Amelio Cayres, Olyntho Neto e Professor Júnior Geo) e um migrou da esquerda para centro (Eduardo do Dertins). Dentre os que mudaram de ideologia, Professor Júnior Geo e Eduardo do Dertins passaram a fazer parte de partidos que compunham a coligação do governador eleito.
Seguindo um movimento nacional, que puxou para a direita a ideologia da câmara e do senado, a Aleto também teve um crescimento na bancada de direita, que pulou de 6 cadeiras em 2018 para 17 em 2022. O partido Republicanos, partido do governador eleito, Wanderlei Barbosa, conseguiu 7 cadeiras dentro do legislativo, além do apoio dos deputados dos partidos que fazem parte da coligação União Pelo Tocantins, e dessa forma pode ser uma grande força para o governo na hora de aprovar demandas importantes para o Estado.
No gráfico abaixo estão dispostos os partidos por ideologia e pelo número de cadeiras ocupadas dentro da Aleto.
Gráfico 1 – Distribuição partidária e ideológica na Aleto
Fonte: Equipe LEGAL – Tocantins
Além disso, em comparação com a última legislação, outra mudança foi de representação partidária dentro da Aleto. O MDB, que em 2018 tinha maioria entre os eleitos com cinco candidatos, ficou sem representação no Legislativo, deixando o maior número para o Republicanos. O PT é outro partido que ficou sem representatividade na Casa de Leis, em 2018 tinha dois parlamentares e nesta eleição não terá nenhum deputado eleito.
Fragmentação partidária na Aleto
Com a diminuição da representação de partidos dentro da Aleto, o Número Efetivo de Partidos Parlamentares retraiu em comparação ao pleito de 2018, quando o índice era de 10,28. O NEPP calculado após as eleições proporcionais de 2022 demonstrou que o número de partidos disputando uma cadeira na Aleto diminuiu, portanto, o índice que antes estava na casa decimal, caiu para 6,69. Dessa forma, nestas eleições foram menos partidos representados dentro da casa de leis.
O Número Efetivo Partidos, calculado a partir do índice de Laakso e Taagepera (1979) permite entender a dinâmica da fragmentação eleitoral dentro da casa de leis. Comparado ao ano de 2018, quando o NEP era de 16,30, o Tocantins teve uma retração importante nesta última eleição, quando o índice despencou para 8,26. Essa retração é o reflexo de uma diminuição no número de partidos efetivos na disputa eleitoral, apontando para um cenário menos competitivo do ponto de vista eleitoral.
Famílias políticas na Aleto
Reeleito com o maior número de votos, o deputado Léo Barbosa vem de família com tradição política no Tocantins. Ele também é o único parlamentar com esse perfil eleito em 2022. Nesta eleição, o parlamentar teve 9,4 mil votos a mais que na eleição de 2018, quando teve 23.447 votos. Léo Barbosa é filho de Wanderlei Barbosa, atual governador do estado, que foi reeleito com 58,21% dos votos.
Os números eleitorais de ambos os candidatos indicam a força política da família Barbosa na atual conjuntura política do Tocantins, que desde 2006 sofre de uma instabilidade com nenhum dos governadores eleitos, até então, cumprindo o mandato integralmente. O Tocantins vivenciou diversas investigações de corrupção, com cassações, prisões, renúncia de chapa e mandatos-tampões.
Com relação à Família Barbosa, sua história com a política iniciou na época da criação do Estado, em 1988, com o avô do deputado, Fenelon Barbosa, que foi o primeiro prefeito de Palmas. Wanderlei Barbosa se elegeu para cargos como vereador, deputado estadual e vice-governador, neste último vindo a assumir o Executivo após o afastamento e renúncia de Mauro Carlesse. Em 2016, Léo Barbosa passou a seguir os passos do avô e do pai se elegendo vereador de Palmas. Em 2018, foi eleito deputado estadual. Nessas duas primeiras eleições era filiado ao Solidariedade e, em 2022, filiou-se ao Republicanos.