As eleições para Governo Estadual e Presidência da República no Amapá em 2022

Ivan Silva, Paulo Gustavo Correa, Marcus Cardoso, Giovanna Lourinho

Ambas as disputas travadas pelo Executivo no Amapá – tanto no âmbito estadual quanto no âmbito federal – foram marcadas por uma clara polarização entre duas candidaturas que hegemonizaram as disputas com larga vantagem sobre as demais.

A disputa pelo Palácio do Setentrião foi definida já no primeiro turno, com vitória do candidato Clécio Luís (SOLIDARIEDADE), ex-vereador e ex-prefeito de Macapá por dois mandatos – primeiro pelo PSOL e, depois, pela REDE. Embora Clécio e seu principal oponente, Jaime Nunes (PSD) – atual vice-governador do Amapá –, tenham liderado a disputa desde o início das pesquisas com uma distância pequena entre eles, na reta final o candidato do Solidariedade abriu uma vantagem considerável em relação ao adversário: Clécio terminou a disputa com 53,69% dos votos, Jaime com 42,58%, e, o terceiro colocado, Gesiel de Oliveira (PRTB), com apenas 2,10%.

Com 13 parlamentares eleitos(as), o governador eleito contará com uma base de apoio majoritária na Assembleia Legislativa – reflexo, também, do amplo escopo representado pela sua coligação, que vai do PDT, de Ciro Gomes, ao PL, de Jair Bolsonaro. Ademais, quatro parlamentares que conquistaram cadeiras na ALAP, embora não tenham feito parte da sua coligação, engrossaram as fileiras da sua candidatura numa adesão informal – casos da Rede (2), PV (1) e PT (1).

Em relação à eleição para a Presidência da República, verificou-se um fenômeno bastante improvável: o candidato que ficou em primeiro lugar no primeiro turno – o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva (PT) – não apenas não ganhou nenhum voto na passagem para o segundo turno, mas perdeu quase 8 mil votos: no primeiro turno, Lula ficou com 45,67% dos votos (197.382 votos totais), Bolsonaro com 43,41% (187.621 votos totais), e, em terceiro lugar, Simone Tebet (MDB) com 6,36% (27.497 votos totais; no segundo turno, Lula ficou com 48,64% dos votos (caindo para 189.918 votos totais), e Bolsonaro com 51,36% (200.547 votos totais). O forte aumento nas abstenções pode ajudar a explicar o resultado: em meio a uma série de denúncias de que as empresas de ônibus estariam boicotando a decisão de gratuidade, a taxa de abstenção no Amapá saiu de 19,52%, no primeiro turno, para 27,17%, no segundo (o maior índice das últimas três eleições gerais).

Quanto às bases no Legislativo, o presidente Lula terá, no caso da bancada amapaense, um cenário bastante equilibrado: dos(as) oito parlamentares eleitos para a Câmara dos Deputados, três pertencem à base governista (PDT), três pertencem à oposição (PL) e dois mantiveram posição de neutralidade quanto à disputa nacional (MDB); e, em relação ao Senado, com a reeleição do senador Davi Alcolumbre (UNIÃO), o presidente Lula terá um senador em sua base aliada – Randolfe Rodrigues (REDE), que, inclusive, fez parte da coordenação de sua campanha –, um senador de oposição – Lucas Barreto (PSD) –, e um senador em posição de neutralidade – o próprio Davi Alcolumbre, que, embora tenha sido eleito presidente do Senado em 2019 com o apoio do presidente Bolsonaro, rompeu com o governo posteriormente.