Rodrigo Dolandeli do Santos, Carlos Augusto da Silva Souza, Bruno de Castro Rubiatti, Raimunda Eliene Sousa Silva, Mariana Costa da Silva
As eleições presidenciais no Pará expressaram a preferência pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Tanto no primeiro, quanto no segundo turno, o petista foi vitorioso, confirmando o desempenho do partido que há duas décadas vence todas as disputas para Presidente no estado.
No Pará, de acordo com dados do TSE, 6,1 milhões de eleitores foram aptos a votar, representando cerca de 3,9% do eleitorado nacional. Contudo, somente 4,8 milhões compareceram no primeiro turno e 4,7 no segundo, resultando em 21,2% e 22,6% de abstenção, respectivamente. De todo modo, este quadro não ficou muito distante da abstenção nacional, em torno de 21% do eleitorado.
A disputa no Pará refletiu a correlação de forças no cenário nacional, o seu eleitorado escolheu majoritariamente os dois principais candidatos Lula (PT) e Bolsonaro (PL), que juntos, conquistaram a preferência de 4,3 milhões eleitores paraenses, ou seja, 71,2% dos votos válidos.
O ex-presidente Lula venceu o primeiro turno com 52,2% dos votos e Bolsonaro obteve 40,3%. De um turno para o outro, o candidato do PL aumentou sua votação em cerca de 190 mil votos, mas insuficiente para vencer a disputa no estado, na realidade, Lula ampliou a sua vantagem, pois no segundo turno alcançou 54,7% dos votos válidos. Em outras palavras, embora Bolsonaro tenha incrementado sua votação, conquistando 45,3% dos votos válidos, ele sequer alcançou a proporção de votos obtidos pelas candidaturas derrotadas no primeiro turno, incluindo a dele, que ficou em 47,8%. Dessa forma, o quadro do segundo turno se traduziu em uma ampliação de Lula na preferência do eleitorado paraense.
Em relação à distribuição regional dos votos, tanto no primeiro, quanto no segundo turno, os municípios situados ao sul do estado, que possui forte influência política e econômica do agronegócio, deram mais votos ao candidato do PL, como, por exemplo, Altamira e São Félix do Xingu, fato que igualmente ocorreu em Santarém na região do Baixo Amazonas. Por sua vez, Belém, a capital do estado, e sua região metropolitana, com exceção de Ananindeua no segundo turno, destinou a maior parte de seus votos ao candidato petista.
De uma forma geral, o contexto político da campanha de 2022 foi bastante favorável ao PT em razão do apoio, desde o início, dado pelo governador Helder Barbalho (MDB), que obteve a maior proporção em votos válidos dos estados nas eleições para governador (70,4%) em sua reeleição. O suporte do MDB, em conjunto com outras forças políticas da base do governo, pode ter ajudado Lula a ampliar a sua vantagem em votos válidos no segundo turno, contribuindo com a trajetória vitoriosa do PT nas disputas presidenciais no Pará desde 2002.