A bancada federal do Amapá e as eleições de 2022

Ivan Silva, Paulo Gustavo Correa, Marcus Cardoso, Giovanna Lourinho

A renovação parlamentar verificada no Amapá após o primeiro turno das eleições de 2022 que já havia sido bastante elevada para a ALAP (54,2%) foi ainda maior para a Câmara dos Deputados: apenas dois dos oito parlamentares pertencentes à bancada federal amapaense foram reeleitos, o que representa uma taxa de renovação de 75%. Figuras importantes e com longa trajetória eleitoral e parlamentar ficaram de fora, apesar de expressivas votações individuais, como Professora Marcivânia (PCdoB), Aline Gurgel (REPUBLICANOS) e Camilo Capiberibe (PSB) – os dois últimos de duas das principais famílias políticas do estado. No caso do Senado, o senador Davi Alcolumbre (UNIÃO) foi reeleito.

Em relação à composição ideológica da bancada federal, os campos de esquerda e centro avançaram, e a direita, por sua vez, encolheu significativamente: em 2018, a esquerda representava 25% das cadeiras, o centro 12,5% e a direita (amplamente majoritária) 62,5%); em 2022, essas proporções passaram para 37,5%, 25% e 37,5%, respectivamente, evidenciando uma distribuição dos blocos ideológicos bastante equilibrada: os três parlamentares da direita são da base do presidente Bolsonaro (PL), os três da esquerda são aliados do ex-presidente Lula, e os dois de centro não figuram como diretamente vinculados a um ou a outro.

No caso do Senado, com a reeleição de Davi Alcolumbre, a distribuição ideológica da bancada permanece a mesma: dois senadores vinculados a partidos de direita – o próprio Davi Alcolumbre e o senador Lucas Barreto (PSD) – e um senador vinculado a um partido de centro – Randolfe Rodrigues (REDE). Quando considerada a relação entre os senadores e a disputa nacional, o cenário também é bastante equilibrado: Lucas Barreto é aliado do presidente Bolsonaro, Randolfe Rodrigues é aliado do ex-presidente Lula (faz parte, inclusive, da coordenação nacional da sua campanha), e Davi Alcolumbre – embora tenha sido eleito presidente do Senado em 2019 com o apoio de Bolsonaro – mantém, hoje, equidistância em relação aos postulantes à Presidência da República.

Outro dado relevante diz respeito à queda significativa da fragmentação partidária: se, em 2018, oito partidos conseguiram representação parlamentar em um universo de oito cadeiras disponíveis – com o curioso cenário de nenhum partido conseguir eleger mais do que um parlamentar –, com a eleição de 2022 o número de partidos representados caiu para apenas três: PDT (3), PL (3) e MDB (2).

Apenas uma família tradicional da política amapaense terá representação parlamentar na nova legislatura que toma posse em 2023: a família Gurgel, com o deputado Vinícius Gurgel – embora Aline Gurgel, sua cunhada, não tenha sido reeleita.