Marilene Corrêa da Silva Freitas, Paula Mirana Sousa Ramos, Breno Rodrigo de Messias Leite, Simone Machado de Seixas
O processo eleitoral para a composição do Senado Federal, uma vaga em disputa, e para a Câmara dos Deputados, oito vagas, definiu a nova representação parlamentar do Amazonas nas duas casas legislativas. Em linhas gerais, o resultado da apuração revelou visível influência da polarização da eleição presidencial na dinâmica eleitoral do estado. A bancada federal no Amazonas foi renovada em 50%. Dos sete deputados que disputaram a reeleição, quatro foram reeleitos. Os novos eleitos são Amon Mandel (Cidadania), Saullo Vianna (União Brasil), Fausto Santos Junior (União Brasil) e Adail Filho (Republicanos). Os veteranos Atila Lins (PSD), com nove mandatos consecutivos, Silas Câmara (Republicanos), com cinco mandatos consecutivos, Sidney Leite (PSD), e Capitão Alberto Neto (PL), estes dois últimos reeleitos para um segundo mandato.
No resultado geral, foram reeleitos os deputados Sidney Leite (PSD), Alberto Neto (PL), Silas Câmara (Republicanos), Átila Lins (PSD). Bosco Saraiva (Solidariedade), deputado de apenas um mandato, decidiu não concorrer à reeleição. Delegado Pablo (PL), José Ricardo (PT) e Marcelo Ramos (PSD) foram derrotados nas urnas e não retomarão seus mandatos em 2023. Em se tratando de rotatividade parlamentar, é possível constatar que no processo de renovação do corpo legislativo federal, acentuou-se ainda mais a predominância de parlamentares/partidos de direita e centro-direita em detrimento da esquerda e centro-esquerda. O perfil partidário dos novos representantes do Amazonas na Câmara é o seguinte: três são de centro (PSD e Cidadania) e um de direita (União Brasil) e três de centro direita (PL e Republicanos). Em suma, a renovação parlamentar no Amazonas deu indiscutivelmente uma guinada à direita.
Assim, a distribuição de votos por candidatos e o espectro ideológico por partido estão discriminados no quadro e gráfico abaixo apresentados:
Quadro 1- Distribuição de votos dos Deputados Federais eleitos
DEPUTADO |
VOTOS |
ELEITOS |
Amon Mandel (Cidadania/centro-esquerda) |
288.555 |
Eleito por quociente partidário |
Saulo Viana (UB/direita) |
127.287 |
Eleito por quociente partidário |
Sidney Leite (PSD/centro) |
102.181 |
Eleito por média |
Capitão Alberto Neto (PL/centro-direita) |
147.846 |
Eleito por média |
Atila Lins (PSD/centro) |
102.401 |
Eleito por quociente partidário |
Adail Filho (Republicanos/centro-direita) |
90.028 |
Eleito por média |
Fausto Junior (UB/direita) |
87.876 |
Eleito por média |
Silas Câmara (Republicanos/centro-direita) |
125.068 |
Eleito por quociente partidário |
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do TRE-AM, 2022.
Já no gráfico 1, é possível verificar a predileção dos eleitores do Amazonas para uma renovação ao centro, à centro-direita e à direita do espectro ideológico.
Quadro 1- Espectro ideológico por partido (Deputado Federal eleitos)
Fonte: Elaboração própria com base nos dados do TRE-AM, 2022.
Resultado da maior disputa da eleição de 2022 em no Amazonas foi a eleição para o Senado, a disputa voto a voto deu-se entre o atual senador Omar Aziz e coronel Alfredo Menezes. Omar Aziz (PSD), candidato da coligação em Defesa da Vida – MDB, PSD e federação partidária Febrasil (PT, PV, PCdoB) – saiu vencedor com 784.007 (41,42%), em disputa acirrada contra o coronel Alfredo Menezes, candidato da coligação É Trabalho (Republicanos, PP, PSC, PL, PTB, PRTB, PMN, UB e Patriota), obteve 737.875 (38,98%) dos votos válidos.
Nesta disputa, a eleição presidencial foi o cerne das narrativas dos candidatos. O senador Omar Aziz, candidato à reeleição, presidente da CPI da Pandemia no Senado, deu voz à crítica da sociedade brasileira à política nacional e saúde e sua execução no Amazonas. O descaso com a pandemia em Manaus, o atraso da aquisição de vacinas e o sacrifício de cerca de 15 mil mortos, denúncias de corrupção na aquisição de medicamentos e orientação anticientífica de prescrição de remédios sem efeito algum sobre o COVID 19, má gestão dos hospitais, como o escândalo da falta de oxigênio, o abandono das populações em situação de vulnerabilidade, sobretudo ribeirinhos e indígenas, presidiram os debates.
O candidato coronel Alfredo Menezes, já na sua segunda corrida eleitoral majoritária, ex-superintendente da Suframa, aliado, amigo e compadre do Presidente Bolsonaro, este empenhado pessoalmente em elegê-lo com apelo direto e diário aos eleitores para votarem em seu candidato ao Senado.
Eliminado da disputa, o candidato Arthur Neto, outrora político de grande expressão nacional, ex-prefeito de Manaus, candidato ao Senado pela federação partidária PSDB e Cidadania, assinala um forte declínio eleitoral, obtendo 179.886, apenas 9,50% do total dos votos válidos.
A batalha eleitoral deu-se entre Omar Aziz, apoiado pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), assume um perfil ideológico de centro-esquerda, ao passo que o coronel Menezes, apoiado pelo presidente da República, levanta a bandeira da direita. A forte polarização nacional impactou no processo eleitoral do Amazonas. A problemática do desenvolvimento regional, a problemática ambiental e a desigualdade federativa foram temas que ficaram em segundo plano no confronto de ideias.